Atritos - Ódio (demo split andarilhos do esgoto/atritos)

segunda-feira, 23 de maio de 2011

bAndA aTriTos! - Hard Core from Canoas/RS, since 1989 (histórico)

BANDA ATRITOS

 Translation (sorry, by google...), click here

Vamos falar um pouco da ATRITOS. Sou Dagoberto, guitarrista e um dos fundadores da banda, que surgiu no verão de 1989 em Canoas, a partir da decisão de alguns adolescentes em demonstrarem sua revolta e inconformismo com a realidade da época através do movimento punk, muito pouco difundido e muito discriminado naqueles dias. Os integrantes originais da banda foram:
  • Eu [Dago "Casca"], guitarra-vocais;
  • Cristiano "Groo" no vocal;
  • Ricardo "Billy" (R.I.P.!!!) no baixo; e
  • Marcelo "Moreno" na Bateria/vocais.
Ná época, o Brasil vinha sofrendo várias quedas em sua economia, planos enconômicos e trocas da moeda nacional fracassavam um atrás do outro, gerando cada vez mais miséria e sofrimento na população, tudo regado com índices de inflação estratosféricos e pela corrupção de sempre.
O movimento punk havia chegado há alguns anos antes na cidade de Canoas, mas a cena era fraca e seus integrantes vistos como marginais, dado fato que a ditadura militar acabara de cair (quatro anos antes), deixando fortes marcas no pensamento coletivo, que via tudo que era diferente como errado e condenável. Mesmo assim, levamos o projeto adiante, ensaiando junto com outras bandas locais e de cidades vizinhas, como o Sub-vida (Esteio), dada restrição de espaço e equipamentos.
Os shows logo surgiram: o primeiro, foi no Porão da Casa do Estudante em Porto Alegre (1990), junto com outras bandas como o Sub-Vida, Defeka, K-21, entre outras. Naquela época, a cena era muito diferente da que presenciamos nos dias de hoje, havendo maior tolerância entre as minorias que formavam a cultura underground, através do convívio entre punks, skinheads, headbangers, etc., que cohabitavam e circulavam no antro chamado Oswaldo Aranha, apanhando (e reagindo) juntos da polícia, algo inimaginável atualmente. Depois do primeiro show, outros iam surgindo com frequencia cada vez maior, mas sempre em outras cidades, porque Canoas insistia em fechar as portas para as bandas punks que surgiam em número cada vez maior.
Em 1990, foi gravada a primeira demo-tape em estúdio (nada que mudasse muito em qualidade das gravações feitas na garagem, já que o estúdio era de fundo de quintal, no bairro Estância Velha, Canoas). Porém, essa demo-tape tosca chegou nas mãos dos produtores do LP coletânea "Paranóia Suicida" (gravada pelo selo independente "Sulcos Suicídas"), que curtiram nosso trampo e nos convidaram para participar da coletânea, o que - infelizmente - não chegou a aconter, porque nós não conseguimos juntar a grana necessária para pagar as despesas de estúdio, gravação, etc..
Em 1992 houveram algumas divergências internas e os integrantes optaram por separarem-se, dando origem à duas bandas:
  • A banda Atritos - que segue com o mesmo nome, criado pelo Billy e pelo Moreno. Eles dão continuidade à banda criando um repertório de sua autoria e chamando nosso amigo Darlan para tocar baixo, com o Billy (R.I.P.!) passando a ser o guitarrista; e
  • A banda Coma Alcoólico - Como praticamente todas as músicas e composições da época eram de minha autoria, me uni com o Cristiano "Groo" e seguimos tocando nosso repertório original. Para completar a banda, contamos com a entrada de dois novos integrantes, o Ricardo "Polenta" na bateria e o Samarone no baixo, iniciando um período extremamente produtivo tanto em termos de novas músicas quanto de shows e relacionamento com outras bandas.
Na época, a Coma Alcoólico tocou no maior festival punk do RS (pelo menos, até em tão...), ocorrido na cidade de Parobé. Anos depois, houve o reencontro entre a Atritos e a Coma Alcoólico, com a saída do Samarone da Coma Alcoólico e o Billy retornando ao posto de baixista. Esse período durou até 1995, quando o Polenta também teve de se afastar da banda, encerrando as atividades da Coma Alcoólico.
O fim da Coma Alcoólico dá início à segunda fase da Atritos!, quando conhecemos o Alex "Ataque", que era baterista da Banda D.H.C. (de Canoas, no bairro Rio Branco), passando a ser também nosso baterista até meados de 1999. Seu estilo rápido e agressivo de tocar bateria resultou em uma mudança radical na sonoridade da Atritos!, que passou a fazer um HC mais visceral.
O Groo e o Billy sairam logo em seguida, o último por problemas com as drogas, dando início ao estigma da Atritos! em achar um baixista fixo que, depois do Billy, foram só dois: o Zulu e o Rodrigo. Salvo essas duas excessões, contamos por um bom tempo com a ajuda dos amigos músicos de outras bandas que quebravam um galho para nós, como o Duda (Andarilhos do Esgoto), o Téu (Desafio ao Poder/Sobreviventes do Kaos), o Bira (Desafio ao Poder), entre outros. Eu até assumi o posto de baixista da banda por uns tempos, quando passei a guitarra para nosso amigo Fabiano, que também morava no bairro Rio Branco.
Com a saída do "Groo" da banda, convidamos nosso amigo Daniel "Ganso" para o posto, aumentando ainda mais o potencial ofensivo da banda, que seguiu com essa configuração até meados de 1998/1999.
Em 2001 a Atritos retorna com a formação original, mas o Groo deixou a banda nos primeiros ensaios, comigo (Casca) assumindo os vocais. Mesmo em trio, tocamos ao ar livre no 1º de maio no Skate Park IAPI, em Porto Alegre, e também ao ar livre na Praça Dona Mocinha, em Niterói, Canoas. O último ensaio da banda foi em 2002, quando entramos em recesso de atividades. Nosso saudoso amigo Billy lutou para desvenciliar-se das drogas até 2003, quando faleceu devido um problema de saúde que não pode ser tratado, em decorrência do grau de debilitação causado pelas substâncias que consumia.
Neste período, os integrantes seguiram diferentes rumos em suas vidas, mas sempre deixei claro o desejo de seguir com a Atritos!.
Hoje o meu filho é um adolecente como eu era quando comecei a tocar, e, para minha grata surpresa, hoje ele segue meus passos, curtindo os mesmos sons e partilhando do mesmo modo de pensar sobre as injustiças desse mundo que vivemos. Dessa forma, o desfecho não poderia ser outro: a banda Atritos! voltou as atividades contando com ele, o Kevin, no posto de baixista, eu (Casca) na Guitarra/vocais, o Renato (Ódio Urbano) na guitarra/vocais, o Cassius (ex D.H.C/Desafio ao Poder) no vocal e com a Daniela (ex Sublevação Feminil/Neurose Brutal/Kombativos) nas baquetas.
Portanto, à todos aqueles que curtiram a Atritos! durante os anos 90 (as quebradeiras do "Gullys" em Canoas, os festivais Polenta Frita" de Caxias do Sul, entre tantas outras gigs memoráveis daquela época), eis a chance de reviver o jeito old school de fazer protesto. Quanto a nova geração, que não teve oportunidade de vivenciar a cena underground daquela época, contamos com vocês para escrevermos as novas páginas dessa história!!!
Salud y anarchia!!!


(foto da Coma Alcoólico no 1º Festival Punk de Parobé, em 1993)